Por Raquel Rocha
Quando criança Ceres
Marylise não pensava em ser professora nem poetisa, queria ser arqueóloga. No
entanto a menina que se interessava por todo tipo de leitura que se
referisse às escavações no Egito, acabou por fazer o curso de Magistério,
como era costume da época.
Apesar da carreira
imposta pela vida, costumes e sociedade, Ceres se dedicou a ela com amor,
se qualificando cada vez mais e tentando fazer o seu melhor. Hoje diz que
faria Magistério novamente “A reciprocidade no ato de ensinar e aprender é uma
experiência fantástica e bastante enriquecedora em termos de relacionamento humano.”
Sempre gostou de
poesias, ao longo de sua vida teve contato com grandes poetas, mas só depois de
aposentada Ceres Marylise teve tempo e vontade de se dedicar a elas. E o fez
lindamente, demonstrando cuidado e carinho com cada palavra escrita.
O reconhecimento veio
através da seleção de vários poemas seus para antologias e revistas. Agora em
2014 grandes conquista: o lançamento do seu primeiro livro “Atalhos e
Descaminhos”, o convite para tomar posse na "Divine Académie
Française des Arts, Lettres et Culture" em Paris na França, ser
condecorada como Embaixadora da Paz no Hôtel George V e o lançamento do seu
livro em Paris no Salon du Livre de Paris. Em abril, no dia 19 receberá o
Troféu Cecília Meireles em Itabira - MG e voltará à mesma cidade para
receber o troféu Carlos Drummond de Andrade, que é a terra natal do
poeta. Nos
dias 13 a 17 de março participará em Brasília do XI EIDE - Encontro
Internacional de Escritoras que acontecerá pela primeira vez no Brasil e onde
também lançará seu livro ATALHOS E DESCAMINHOS
E esse é só o começo de um grande voo. Porque Ceres é cheia de vida, paixão e dedicação à sua escrita. Uma mulher que encanta com sua presença e sua poesia. Nem o céu será o limite para ela, que tem um coração cheio de amor e saudade, mas leve, com a pureza das almas nobres.
Feliz Dia da Mulher, Ceres!
08-03-2014
Como foi passar a vida ensinando?
Há algum tempo e com
grande alegria, venho reencontrando nas redes sociais centenas de ex-alunos
espalhados pelo país. O carinho a atenção que me dispensam são a prova de que
não passei simplesmente em suas vidas, e sim, que deixei marcas positivas de dedicação
e compromisso como educadora e como ser humano.
Ser professora só me
trouxe alegrias e gradativamente, a conquista de grandes avanços na profissão.
Entretanto, meus diplomas nas áreas de Pedagogia e de pós-graduação lato sensu
e stricto sensu, com concentração na área de Linguística, serviram apenas para
legitimar minhas atuações profissionais. Nunca esperei que eles me trouxessem
prestígio nem os procuro. Espero morrer assim, simples como os versos que
escrevo; não sei se bons ou ruins mas os compreendo em plenitude e profundidade.
Qual foi primeiro livro
que lhe deixou marcas positivas?
CRESTOMATIA, uma
raridade que já não se encontra nos sebos.
Quando começou a se
interessar por literatura?
Desde quando me
alfabetizei e percebi a amplitude das possibilidades que as letras e as
palavras me ofereciam, sobretudo, de conhecer o mundo.
Quando escreveu suas
primeiras poesias? Qual o seu estilo de escrever poesias?
Sempre gostei de poesias
desde as primeiras séries escolares e por isso, sempre era convidada para
declamar em datas cívicas no coreto da praça principal da cidade.
Sobre o meu estilo
literário, tive que inicialmente, apreender todas as influências das escolas
literárias para depois, criar o meu próprio, diferenciando-o dos demais: cada
pessoa é única.
Há quanto tempo se
dedica a escrever poesia? Gosta de todos os estilos de poesia?
Já escrevia alguns
rabiscos desde minha infância. Adulta, frequentava os eventos do CCPC –
Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau sempre convidada pelo meu
queridíssimo mestre Clodomir Xavier de Oliveira, de Ubaitaba, que presidiu
aquela casa em cinco ou seis gestões. Dentre esses eventos nunca faltei aos
literários promovidos pelo PACCE – Projeto Cultura Cacau dirigido por Telmo
Padilha. Ali conheci Jorge Amado e sua Zélia Gattai, James Amado, Hélio Pólvora
e sua Maria, Cyro de Mattos, numa de suas vindas do Rio de Janeiro, Antônio
Olímpio e sua Amélia, Euclides Neto, que sempre estava no cartório de imóveis
de minha mãe, Gervásio Santos, Antônio Nahud, Mary Kallid que também era minha
vizinha, Ewerton Almeida, Írio Athanásio dos Santos e sua Maricas, Salomão
Mafuz e muitos outros cujos nomes fogem agora de minha memória.
Nessa época áurea do
nosso cacau e de nossa região, tanto Clodomir Xavier quanto Telmo Padilha, já
me incentivavam a publicar livros, mas com a vida atribulada de trabalhar,
cursar faculdade e criar família, optei por ouvir mais a razão que a emoção e
mesmo sentindo-me lisonjeada percebi que precisava amadurecer minha criação
literária e principalmente, que não teria tempo disponível para fazê-lo.
Dediquei-me mais depois
que me aposentei na universidade no início de 2004, já bastante amadurecida,
mais exigente comigo mesma e com plena consciência de que quem escreve precisa
se impor limites. Entretanto, como qualquer escritor, não estou livre de ainda
cometer alguma falha.
Não gosto de ler poesia
sem compromisso com a inteligência das palavras e dos leitores. Quando a
percebo sem coesão e coerência
entre versos e estrofes, quando sequer consigo extrair inferências ou que sua
contextualização perdeu-se num momento qualquer em nome do movimento modernista
ou pós-modernista com essa nova geração que surge e que recorrem a um amontoado
de frases desconexas dizendo ser poesia, abandono o livro.
Pensa em enveredar por
outros tipos de produção literária? Um romance por exemplo?
Às vezes escrevo em
prosa alguns artigos e crônicas. Cada poesia que escrevo já encerra em si a
síntese de um romance com início, meio e fim, recheado de metáforas e ritmos.
O que te inspira?
Não forço a inspiração,
ela surge espontaneamente, sem pressão, e começo a rabiscar em qualquer pedaço
de papel; sempre a partir da observação das maravilhas da natureza à disposição
de nossa sobrevivência – a isso chamo verdadeiramente de sagrado; do cotidiano
das contradições e injustiças sociais; do amor em todas as suas manifestações;
das questões existenciais de um modo geral.
Até o momento participei
de várias antologias nacionais e internacionais e colaboro eventualmente com
jornais regionais. Escrevo para revistas nacionais e lusófonas. Meu primeiro
livro solo ATALHOS E DESCAMINHOS está em fase final de edição para atender os
compromissos de lançamento em vários estados do Brasil e no exterior.
Como se sente com todo
esse reconhecimento através dos vários convites que tem recebido nessa fase da
sua vida?
Ações e projetos humanos
são passageiros e limitados devido à temporalidade do próprio homem. Continuo
simples em minha essência sem qualquer vaidade e arrogância, principalmente por
não me sentir melhor que qualquer outro que escreve poesias. Falar de
simplicidade faz-me lembrar de dois dos nossos confrades: Margarida Cordeiro
Fahel e Naomar Almeida. Existe grandeza maior que a simplicidade natural e sem
afetação deles?
Quais seus planos para o
futuro?
Na parte literária, por
enquanto, apenas lançar mais um livro: um bilíngue porque já estou comprometida
com alguns pedidos. No mais, só me organizar para atender às demandas dessa
súbita notoriedade porque tudo na vida passa e ela continua.
À MULHER
Ceres Marylise
Ceres Marylise
Porque és mais
que a beleza,
muito mais
que um corpo.
Porque és mais
que um ventre
para o filho
e muito mais
que a ilusão
de um homem.
Porque tuas mãos
são alento, bênção
e sensatez.
Porque há paz
nas tuas palavras
quando rompes
com tua essência,
o estigma de fetiche.
Porque és nobre,
imensurável,
e amamentas
com a força
dos teus seios
e de tua luz,
a história
humana.
que a beleza,
muito mais
que um corpo.
Porque és mais
que um ventre
para o filho
e muito mais
que a ilusão
de um homem.
Porque tuas mãos
são alento, bênção
e sensatez.
Porque há paz
nas tuas palavras
quando rompes
com tua essência,
o estigma de fetiche.
Porque és nobre,
imensurável,
e amamentas
com a força
dos teus seios
e de tua luz,
a história
humana.
Querida poeta Ceres Marylise, ler um pouco mais sobre você foi uma ótima experiência de conhecimento e arte. Parabéns, amiga, pelo sucesso que vem conquistando passo a passo. Fico feliz em compartilhar da sua alegria. Grande beijo poético.
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