Entrevista Duo Bemtevi

Em 1993 a violinista Esther foi trabalhar e morar numa cidade pequena perto de Rotterdam onde André já morava. Ela foi procurar uma banda ou grupo musical para participar como violonista/guitarrista. Assim encontrou André que tocava semanalmente violão com um grupo de violonistas na casa dele. Encontraram-se por várias semanas começaram a namorar 1996, continuaram na música, tocando em várias bandas diferentes. Casaram-se em 2008 na Holanda no ano seguinte se mudaram para a cidade de Ilhéus na Bahia. Em 2010 surgiu o “Duo Bem-te-ví”.  

Mais apaixonados pelo Sul da Bahia do que muitos grapiúnas, mais conhecedores de música brasileira do que grande parte da população do Brasil, essa dupla nos ensina que o que vale a pena na vida é seguir o coração.

E nós ficamos gratos aos corações de Esther e André por tê-los trazidos para essas terradas do Sem-Fim.


Obrigada!



1.      Quando vocês vieram para o Brasil?

Desde o começo da nossa relação já tínhamos a ideia de emigrar para America do Sul depois de acabar com o trabalho. Por isso visitamos durante nossas férias Argentina, Bolívia, Peru, Chile e Uruguai, com mochila e a guia “Lonely Planet”. A primeira viajem para o Brasil foi em 2000. Desta vez viajamos de ônibus de São Paulo para Paraty, Ilha do Mel, Paranaguá, Curitiba, Iguaçu, Campo Grande e Rio de Janeiro. Em 2001 fomos de Rio para Salvador e Lençóis e na volta passamos 4 dias em Ilhéus. Gostamos tanto que voltamos no fim de 2001 e passamos 3 semanas em Itacaré. Alugamos um carro e exploramos a região. Tínhamos achado o nosso destino! Em 2002 compramos um lote na Praia do Norte de Ilhéus. Em 2003 construímos uma casinha. Passamos todas as férias aí até 2009 quando viemos para morar.

2.     Porque escolheram o Sul da Bahia para morar?

A beleza natural, o clima, a simplicidade da vida aqui, a possibilidade de viver aqui como aposentados, espaço para viver e o cheiro de cacau. Esther nasceu perto de uma fabrica de chocolate “Cacao de Zaan” em Zaandam na Holanda. Também ambos gostamos muito de viver a beira da praia.

3.     Vocês trabalham somente com música ou têm outra atividade?

Gostamos de fazer música, jardinagem e cozinhar para amigos. Também gostamos de estar em contato com todas as formas de arte, especialmente artes dinâmicas. Estamos interessados em participar com outras artes e trabalhar juntos com outros artistas.

4.     O que a música significa para cada um?

ESTHER: Eu sempre vivi com música. Meu pai tocava discos de música clássica e a minha mãe ensaiava os passos de jazz dance em casa com música de motown e outros. Adorava as aulas de música e quase sempre estou com música na cabeça. A música e a dança me fazem sentir bem. Quando toco, canto ou danço me sinto dentro da música, fazendo parte dela. Através da música posso expressar os meus sentimentos. A música também tem sido sempre um refugio para mim, para escapar das coisas ruins, aborrecimentos, preocupações...

ANDRÉ: A música (praticando passiva ou ativa) para mim significa a melhor forma de comunicação. A língua de música é mundial. Para mim é a melhor forma de arte dinâmica. Eu gosto muito da combinação de esta forma de arte com outras formas de arte como letras, dança, artes visuais etc. A melodia, a harmonia e o ritmo tem raízes na natureza igual como o timbre (os instrumentos e as vozes diferentes) também. Então a música é o espelho da alma.

5.     Como foi a chegada ao Brasil?

Em 2010, depois de mudar para Sul da Bahia, começamos a nos dedicar a música como “Duo Bem-te-ví”. Fomos tocar num restaurante perto da casa com um repertorio muito pequeno e sem amplificação. Para prolongar o programa tocávamos as 5 músicas instrumentais para dois violões na ordem 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 4ª, 3ª, 2ª, 1ª, pausa. Depois acrescentamos mais músicas e outros instrumentos. Quando nossa mudança chegou depois 8 meses, tínhamos nosso amplificador, caixas e microfones e começamos a cantar também.

Agora temos o show “NOSTALGIA SEM FRONTEIRAS” que leva você ás épocas do vinil das Américas (sul e norte) e da Europa. O show contem músicas de: ABBA, The Beatles, The Shadows, Maria Bethânia, Simon and Garfunkel, Maximo Diego Pujol, Paco de Lúcia, Dire Straits, Celso Machado, música folclore andina, boleros, choros e mais.

6.     Quais são as referências musicais de vocês?

Na música popular já mencionamos algumas na resposta acima, mas tem muitos mais artistas internacionais, impossível citar tudo.

Na música clássica de violão o maior compositor para nós é o paraguaiano Agustin Mangoré Barrios e o maior violonista foi Julian Bream.

Nossos professores de violão foram: Wim Hoogerwerf, Gerrrit de Boer, Joep Wanders, Paul Hofman, Zoran Dukic, Laura Young, Esther Steenbergen, Fernando Cordas, Kambiz Afshari, Bob Wanders e Harald Boxtart.

Recebemos masterclasses de Harry Sacksioni, Darko Petrinjak, David Russell, Dusan Bogdanovic, Yves Storms e Paulo Martelli.

7.      Vocês trabalham com composições próprias?

Não, não somos compositores, somos um “cover duo”, mas nos mesmos fazemos todos os arranjos. O “cover band” que para nos é o melhor de hoje é “Walk Off The Earth” de Canada.

8.     Qual a música preferida do duo?

Isto é diferente cada dia. Depende de muitos fatores e circunstancias. Temos muitos interesses musicais e gostamos de muitos estilos diferentes, como pop, blues, rock, fado, música clássica, soul, samba, música de cinema, boleros, tango, flamenco, música barroca, música romântica, MPB, música cubana, salsa, música folclórica, operas, world music, choro, violão clássico, orquestras, heavy metal, bossa nova. Preferimos música bem-feita.

9.     O que gostam na música brasileira?

O Brasil tem inúmeros compositores e interpretes de grande classe. As composições são muito originais e diferentes da música de outros países. A música brasileira tem uma cultura com raízes fortes no povo brasileiro com varias influencias histórica e é conhecido e apreciado mundial.

Gostamos da música clássica de entre outros Villa-Lobos, Ginastera, Radamés Gnatalli e a família Assad. Gostamos também da música de viola como de Roberto Correa e Almir Sater. Gostamos de ouvir música de violão instrumental de Luís Bonfá, Baden Powell, Dilermando Reis, João Pernambuco, Guinga, Paulo Bellinati, Isaias Savia, Marco Pereira, Duo Siqueira-Lima, Egberto Gismonti, Brasil Guitar Duo (João Luíz e Douglas Lora) e Celso Machado.  Gostamos de mpb como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Oswaldo Montenegro, Os secos e molhados, Zeca Baleiro, Fagner e muitos outros. Na bossa-nova e na samba gostamos de quase todos os clássicos.
E os choros de Pixinguinha, Walmir Azevedo, etc. 

10. Quais os planos para o futuro?

Queremos montar 3 shows diferentes de música popular em vários estilos e um show de música clássica para dois violões.

11.   O que vale a pena na vida?
VIVER!





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